
a cultura do dar
Os sujeitos produtivos da Economia de Comunhão – empresários, trabalhadores, até mesmo clientes e fornecedores, e demais agentes empresariais – buscam inspiração em princípios fundamentados numa cultura diferente da prática e da teoria econômica vigente. Essa cultura pode ser definida como ”cultura do dar”, em antítese à “cultura do ter”.
O dar econômico é expressão do ”dar-se” no sentido de ”ser”. Em outras palavras, revela uma concepção antropológica nem individualista e nem coletivista, mas de comunhão.
“Cultura do dar” que também não se confunde com filantropia nem com assistencialismo, ambas virtudes de abordagem individualista.
A essência da pessoa é ser “comunhão”.
Porém, nem todo tipo de “dar” leva à “cultura do dar”.
Existe um dar que é contaminado pela vontade de poder. É carregado pelo desejo de dominação, quando não de verdadeira opressão sobre indivíduos e povos. É um dar apenas aparente.
Existe um “dar” que busca satisfação e gratificação no próprio gesto de dar. Trata-se de uma atitude vaidosa, repleta de vanglória, expressão do egoísmo e do culto à própria personalidade. Em tais condições, quem recebe se sente humilhado e ofendido.
Existe também um “dar” utilitário, interesseiro, que busca o próprio proveito. É aquilo que vemos no sistema econômico vigente e na estrutura de pensamento que lhe dá fundamento [...]
Existe finalmente um “dar” que os cristãos chamam de evangélico.
Este “dar” abre-se ao outro respeitando a sua dignidade e suscita, também, no campo empresarial a experiência do “dai e vos será dado” evangélico. Pode se manifestar, por exemplo, numa entrada inesperada de capital, numa solução técnica, no desenvolvimento de um produto inovador.